Alguns pontos a serem considerados ao se aproximar de um indivíduo que não fala, não coopera facilmente ou que não segue as instruções do adulto:
1) É necessário que o indivíduo aprenda que a presença do instrutor é desejável. Não será fácil ensiná-lo se ele está ativamente ou passivamente evitando o instrutor. A relação de trabalho desejável será estabelecida quando o instrutor for associado (pareado) consistentemente com a entrega dos itens e eventos reforçadores para o aprendiz. O instrutor deverá fazer uma lista de reforçadores que são efetivos para o aprendiz, assim como meios de fornecer o acesso a outros eventos reforçadores, como por exemplo, pular na cama elástica, girar no ar, entre outros. O objetivo principal deste procedimento é o de tornar o instrutor uma forma de reforçador condicionado para o aprendiz. Ou seja, o aprendiz deve aprender a gostar do instrutor antes que o instrutor comece a solicitar que ele trabalhe.
2) O instrutor não deve ser associado com a retirada de atividades reforçadoras em andamento. É melhor se aproximar do aprendiz quando ele não está engajado em alguma atividade reforçadora e permitir que ele ganhe acesso aos itens ou atividades mais reforçadores através do instrutor.
O processo de associar (parear) o instrutor com reforçadores pode durar várias tentativas ou sessões antes que o instrutor esteja pronto para começar a exigir uma resposta.
– Exigindo a primeira resposta:
É importante começar com as respostas que são fáceis para o aprendiz emitir. Muitos indivíduos que não falam conseguem emitir certas respostas, porém eles normalmente não as emitem quando solicitadas. Além disso, é melhor trabalhar com o indivíduo quando a motivação dele para um reforçador em particular está forte, como por exemplo: quando ele está com fome, quando quer assistir televisão ou quando quer brincar no quintal.
3) A participação do aprendiz nestas tarefas fáceis deve resultar em recompensas imediatas, isto é, logo após ele seguir uma instrução dada, o instrutor deverá fornecer o reforçador. Depois de ter sido realizada uma série de interações com o aprendiz (as quais podem variar consideravelmente em número a depender do aprendiz e do valor de seus reforçadores), o indivíduo será ensinado progressivamente a cooperar com tarefas mais difíceis e com um maior número de tarefas antes de ter acesso ao reforçador. A princípio, é muito importante que o indivíduo aprenda que a presença do instrutor significa que boas coisas irão acontecer e que o instrutor irá solicitar algumas respostas, mas não será necessário muito esforço para ter acesso aos itens ou eventos desejados – ao menos nos primeiros contatos.
4) A situação de ensino ideal se estabelece quando o instrutor possui um item ou atividade que tem um elevado valor reforçador para o aprendiz, isto é, o aprendiz quer o item ou atividade no exato momento e o acesso ao item ou atividade só será disponível através do instrutor. Nota-se que a questão-chave é que o aprendiz deve fazer algo que é determinado pelo instrutor a fim de obter o reforçador. Em algumas situações, simplesmente pegar um item reforçador da mão do instrutor quando este solicita pode ser a primeira resposta a ser exigida.
É importante fornecer ao aprendiz uma quantidade suficiente do item ou atividade para resultar no fortalecimento do comportamento, mas não fornecer uma quantidade excessiva do item ou atividade de modo que o aprendiz possa perder o interesse, isto é, o item ou atividade deve ser fornecido em uma certa quantidade em que o valor reforçador do mesmo se mantenha.
Quando o instrutor tiver controle do reforçador altamente desejado e o aprendiz estiver cooperando, os programas de treino podem ser iniciados. O primeiro objetivo da terapia é estabelecer e manter uma relação reforçadora contínua com o aprendiz. Uma vez que o instrutor consiga fazer com que o aprendiz emita respostas específicas sob seu comando, será provavelmente mais fácil de ensiná-lo novos repertórios.
Priscilla Braide
Analista do Comportamento – Stimulus ABA