Quando devo dizer ao meu filho que ele tem autismo?
O momento certo de contar ao seu filho que ele tem autismo depende da idade, capacidade cognitiva e consciência social, bem como da sua prontidão para conversar. Não há idade certa! E também, depende da criança e da família. Não é uma conversa única, mas um processo contínuo.
No entanto, os especialistas concordam que quanto mais cedo você iniciar o diálogo, melhor. Isso não apenas garante que as notícias venham de você; começar cedo também permite que você explore a receptividade das crianças mais novas, pois quando as crianças ficam mais velhas e começam a adquirir os preconceitos da sociedade é que elas veem essas diferenças como coisas negativas.
Começar a conversar sobre o tema mais cedo permite quebrar o estigma e potencializa a visão mais positiva de que somos todos diferentes e temos valor. Seria importante preparar o cenário para a conversa antes mesmo da avaliação acontecer. Não seria legal dizer: “Vamos avaliar se você é autista”, mas sim: “Vamos ver algumas pessoas para ter uma ideia um pouco melhor de como seu cérebro funciona”.
Após a avaliação, é possível dizer sobre os resultados. Um filho recebendo um diagnóstico pode ser difícil para os pais e eles precisam processar seus sentimentos antes de falar com os filhos. É necessário que os pais estejam no espaço certo para conversar com seus filhos de uma maneira positiva e afirmativa. Se os pais começarem a chorar dizendo ao filho que são autistas, então não é hora de contar a eles.
Se você ainda estiver lutando para iniciar a conversa depois de alguns meses, considere falar com um profissional de saúde sobre seus sentimentos. Na maioria das vezes, os pais são quem lideram a maior parte da terapia. Portanto, eles também precisam de ajuda para seguir em frente e transformar essa angústia em algo mais construtivo. Muitas famílias acham útil conversar com um profissional de saúde, como o psicólogo que fez a avaliação, para ajudá-los a descobrir como abordar o assunto com seus filhos. Também, a maioria dos profissionais de saúde se oferecem para facilitar essa primeira conversa sobre o diagnóstico com a criança e os pais. Os especialistas também incentivam os pais a fazerem suas pesquisas sobre o autismo e como discuti-lo com seus filhos antes de “conversar”. Isso pode incluir a conexão com outros pais por meio de grupos de apoio; ler informações nos sites de organizações de autismo respeitáveis; ler livros para adultos e crianças sobre autismo, diferenças e como discutir um diagnóstico; e leitura de informações a partir das perspetivas de pessoas autistas.
Se você decidir não contar ao seu filho que ele tem autismo, é importante estar atento à procura de sinais de que é hora de contar. Tais sinais incluem mudanças de comportamento, como isolamento ou conduta, falar sobre si de maneira negativo, comparando-se com os outros e fazendo perguntas como: “O que há de errado comigo? Por que eu sou diferente? Por que isso é tão difícil para mim?” Algumas crianças têm esses pensamentos, mas não os expressam, por isso é importante verificar com outras pessoas envolvidas no cuidado de seu filho para ver se eles notaram alguma mudança.