Muitos pais optam por “deixar de castigo” seus filhos quando fazem algo de errado. Exemplos comuns de castigos são: perder acesso ao videogame por uma semana, ficar sem ver televisão, comer a sobremesa, entre outros. O castigo em si não é necessariamente uma coisa ruim, mas é preciso analisar se essa estratégia está sendo efetiva para cessar os comportamentos indesejados da criança. Veja a seguir algumas considerações para serem feitas:
1) O castigo sempre é dado para o mesmo comportamento. Se a frequência do comportamento não diminuiu com o castigo constante isso significa que o castigo não está mudando o comportamento. Às vezes, a estratégia dos pais de deixar de castigo é uma resposta padrão, mas se não estiver funcionando, convém considerar outras opções, por exemplo, reforçar diferencialmente os comportamentos adequados que seu filho apresenta;
2) A consequência deve estar relacionada ao comportamento. Se seu filho joga o controle do videogame no chão, então não ter acesso ao videogame faz muito sentido. No entanto, se o videogame for retirado porque a criança não arrumou o quarto, esse pode não ser o castigo mais lógico. Nesse caso, fazer com que a criança arrume o quarto naquele momento antes de fazer qualquer outra atividade seria o mais prudente para ensiná-la a cumprir suas obrigações;
3) Duração do castigo. Quando a criança perde por muito tempo o acesso a algo de preferência, isso faz com que oportunidades de reforçar comportamentos apropriados sejam perdidas. Lembre-se de que o reforço é simplesmente qualquer consequência que aumenta a probabilidade futura do comportamento. Se você estabeleceu uma regra de que seu filho não pode usar videogame por um ano, você está perdendo muitas oportunidades para ensinar o comportamento apropriado. O mesmo pode ser dito por um mês ou mesmo por uma semana. Quando pensando nas crianças com autismo, quanto mais oportunidades para reforçarmos comportamentos adequados mais rápida e efetiva será o ensino de novos comportamentos. Outro ponto a ser considerado na duração do castigo é que essa estratégia pode sair pela culatra se você desistir no meio do caminho. Muitas vezes, os filhos são especialistas em fazer uma pergunta repetidamente até que cedemos. A última coisa que queremos é estabelecer um padrão inconsistente de regra, por exemplo, dizer para a criança que ficará de castigo por uma semana, mas, na realidade só ficará por dois dias porque o adulto cansou de ser questionado e abandonou o combinado.
Por essas razões, considere uma tática diferente ao castigo. Por exemplo, se queremos que a criança coopere e obedeça quando damos uma ordem, é importante definir o padrão que, se for emitido com uma dada frequência ou uma certa duração pode resultar em mais acesso a itens e atividades preferidos. Essa é uma das estratégias alternativas ao castigo e pode trazer resultados mais efetivos.
2 thoughts on “Sobre castigar os filhos”
Realmente faz sentido. Acho q quase todos os pais erram nesse sentido. Eu dei palmadas no meu filho qdo ele se jogou no chão no meio da rua e me afrontou com palavrão. Fiz certo Oi fiz errado ? N sei , só sei q funcionou
Olá Maria. Muito obrigada pelo seu comentário. Ao longo dos anos, podemos observar muitas mudanças na relação pais e filhos. O que era certo fazer para educar os filhos pode não ser mais recomendado nos dias atuais. Isto acontece porque novos conhecimentos baseados em evidências foram descobertos. As palmadas entram nesta categoria. Antes, os pais costumavam a bater mais nos filhos com o intuito de educá-los. Hoje sabemos que há maneiras mais eficientes de educar as crianças. No entanto, naquele momento, você fez o que sabia fazer. Você se viu numa situação constrangedora e buscou encerrá-la, optando pelas palmadas. Com certeza, a palmada serviu como consequência averviva para o comportamento de seu filho de falar palavrões. Desta forma, o comportamento cessou naquele momento. O que não podemos garantir é se o seu filho aprendeu a não falar palavrão com todas as pessoas com quem ele interage, ou se somente com você. Fica a dica para pensar.