Inclusão escolar- O que fazer?

Como representante da Stimulus, gostaria de agradecê-los por terem compartilhado conosco as experiências de inclusão escolar vividas atualmente no Brasil.
Como profissional que atua com crianças com desenvolvimento atípico nas casas e escolas, também adoraria contar um pouco da minha experiência nas escolas do estado de São Paulo e capital. O que posso dizer é: cada caso é um caso. Não há um padrão de educação inclusiva nas escolas. Algumas, recebem bem as minhas orientações que focam em melhorar o aproveitamento do tempo da criança na escola. Além de desenvolver os programas de ensino adequados para a criança com dificuldade e planos de intervenção para modificar os comportamentos inadequados, as orientações não descartam a importância de se manter o ambiente de ensino favorável para a aprendizagem das crianças sem dificuldades.

Aqui estão algumas posturas adotadas pelas escolas que dificultaram a inclusão dos meus clientinhos:
Entrar na escola. Já atendi crianças cuja a escola não permitia a minha entrada na sala de aula. Para que um analista do comportamento possa delinear uma intervenção efetiva, é muito importante observar o comportamento e suas relações com o ambiente. É preciso coletar dados para depois, planejar os procedimentos adequados para atingir os objetos relevantes para este aluno;
Modificar atividades. Estive em escolas onde o aluno precisava adquirir a apostila usada na série cursada. Segundo a norma dessa escola, se um aluno está matriculado numa série é obrigatório adquirir as apostilas da mesma série. Para algumas crianças com atraso, há uma distância muito grande entre o que ela sabe e os pares sabem. Quando isso acontece, a apostila convencional não faz sentido para o aluno com atraso. As atividades acadêmicas devem atender os objetivos de ensino especificados no PEI (plano educacional individualizado).
Presença de mediadora. Também estive em escolas onde não aceitavam a presença do mediador. Quando a criança não fala, é recomendável um mediador para acompanhar o aluno na escola para ajudá-lo a seguir a rotina e realizar as atividades propostas. A função do mediador não é substituir o professor, mas, como o próprio nome diz, mediar a interação do aluno com professor e pares quando necessário. Na maioria dos casos, o aluno precisa de atenção individualizada. Como o professor precisa dar atenção para todos os alunos, esta atenção é quase que impossível sem um mediador.
Estratégias e técnicas de ensino específicas. Alguns alunos com atraso apresentam comportamentos inadequados. Esses comportamentos são estigmatizados e interferem na aprendizagem de novas habilidades. A função desses comportamentos precisa ser identificada para que o analista do comportamento possa traçar um plano de intervenção que suprima a frequência. Entender que o nosso comportamento interfere no comportamento do aluno é muito importante. Às vezes, o analista pode pedir para o professor não dar colo para a criança enquanto ela estiver fazendo birra. Para algumas escolas, não falar ou interagir com a criança no momento da birra significa não resolver o problema. Na verdade, deixar a criança se acalmar para, só então, se aproximar dela, é uma das estratégias que compõe o procedimento para eliminar as birras.

Mas afinal, o que é educação inclusiva?

Educação inclusiva* acontece quando as crianças com e sem deficiência participam e aprendem juntas nas mesmas salas. Pesquisas mostram que quando uma criança com deficiência atende às aulas ao lado de colegas que não têm deficiência, coisas boas acontecem.
Durante muito tempo, as crianças com deficiência foram educadas em salas separadas ou em escolas separadas. As pessoas se acostumaram com a ideia de que educação especial significava educação separada. No entanto, hoje sabemos que quando as crianças são educadas juntas, resultados acadêmicos e sociais positivos ocorrem para todas as crianças envolvidas.

Sabemos também que simplesmente colocar as crianças com e sem deficiência em conjunto não produz resultados positivos. A educação inclusiva ocorre quando há planejamento, apoio e compromisso contínuos.
Estes são os princípios que orientam a educação inclusiva de qualidade:

Todas as crianças fazem parte.
A educação inclusiva baseia-se na simples ideia de que cada criança e família são valorizadas igualmente e merecem as mesmas oportunidades e experiências. Educação inclusiva é sobre as crianças com deficiência – se a deficiência é leve ou grave, evidente ou não – participando em atividades cotidianas, do mesmo jeito que participariam se a deficiência não existisse. Trata-se de construir amizades, comunidades e ter oportunidades como todos os outros.

Todas as crianças aprendem de maneiras diferentes.
A inclusão é sobre fornecer a ajuda que as crianças precisam para aprender e participar de modo significativo. Às vezes, a ajuda de amigos ou professores funciona melhor. Outras vezes, materiais especialmente desenvolvidos ou aparatos tecnológicos podem ajudar. A chave é dar apenas a ajuda que for necessária.

É direito de cada criança ser incluído.
A educação inclusiva é um direito da criança, não um privilégio. A Lei de Educação de Indivíduos com Deficiências afirma claramente que todas as crianças com deficiência devem ser educadas com crianças não deficientes da mesma idade e ter acesso ao currículo de educação geral.

*Texto retirado do site pbs.org

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